segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O MARANHÃO JÁ DECIDIU SARNEY NUNCA MAIS

DESMASCARADO O PLANO “B” DO CLÃ SARNEY NA ELEIÇÃO PARA PREFE

Se houve no Maranhão um processo eleitoral que mudou a lógica partidária, este foi o do ano de 2008. Lideranças historicamente distantes se aproximaram, em alguns casos até de forma definitiva, reescrevendo as próprias ideologias para participar do embate eleitoral. Em muitos municípios do Maranhão, essa tendência foi bem visível, mas não tanto quanto em São Luís.

No princípio, 10 candidatos de dois grupos políticos diferentes, desalojaram-se de seus compromissos e, crentes que por idéias e discursos a rebeldia do povo de São Luís os acolheria, escolheram seus próprios caminhos, sem atentar para as coligações possíveis.

Para o grupo Sarney, esta eleição foi um desastre também histórico. Não bastasse a derrocada de quase todos os seus candidatos nos mais diversos municípios do Estado, São Luís aplicou-lhe a merecida surra eleitoral. Por todos os males que causou ao Maranhão e a seu povo.

Alguns dos candidatos sarneyzistas sequer disputaram a eleição, ignorados por um povo que a muito custo aprendeu quem são seus algozes. Assessorados pelo vexame e marqueteados pela vergonha, a votação de alguns deles ficou muito abaixo do que é possível prever em qualquer processo eleitoral.

Desprezado, rechaçado e humilhado pelos resultados que as pesquisas prenunciavam de forma categórica, bem ao estilo despudorado e oportunista do seu líder, o clã Sarney pôs em prática o “plano B”. A estratégia alternativa já teria sido concebida pelo comandante em chefe da oligarquia moribunda (mas perniciosa pelo elevado risco de contaminação).

Quais os elementos que conduziriam a esse raciocínio? Vamos relembrar alguns fatos pontuais significativos:

1 - Nos meses que antecederam às eleições de São Luís, o Sistema Mirante expôs, sistematicamente, as mazelas da administração municipal. Dia e noite, São Luís era devassada por repórteres de rádio, jornal e TV e centenas de matérias foram divulgadas, destacando o abandono a que a cidade estava (e continua) sendo submetida. Nesse caso, excepcionalmente, não continham mentiras; no máximo algum exagero, para deixar a marca registrada do pessoal do lado de lá da ponte.

2 – Por que tamanha desqualificação tornou-se tão importante para o sistema miranteano? A indagação seria respondida pouco tempo depois. O objetivo era atingir o ex-secretário Clodomir Paz, candidato oficial do PDT, sob o patrocínio do Prefeito Tadeu Palácio.

3 - As primeiras consultas de intenção de votos apontavam Castelo disparado na dianteira, seguido exatamente por Clodomir e Kleber Verde. Flávio Dino só estava na frente dos candidatos da esquerda verdadeira e dos integrantes do grupo sarneyzista que disputavam a lanterna.

4 – Confirmada a absoluta falta de competitividade dos candidatos Gastão Vieira (apesar dos insistentes apelos televisivos de Roseana em favor do seu escolhido), Raimundo Cutrim (jogado às traças), Pedro Fernandes e Valdir Maranhão (sequer levados a sério), restavam apenas Clodomir e Flávio Dino para que o clã pegasse carona num eventual segundo turno.

5 – Clodomir estava descartado por questões políticas que enveredaram para o plano pessoal. Ex-integrante do grupo, então no exercício do mandato de deputado estadual, Clodomir sentiu-se traído pela família todo-poderosa quando disputou e perdeu a presidência da Assembléia Legislativa para Manoel Ribeiro, que foi apoiado pelo casal mandatário Jorginho/Roseana. Sobrou Flávio Dino.

6 – Simultaneamente, enquanto se divulgava na imprensa nacional que Sarney solicitara ao presidente Lula que gravasse mensagem pedindo voto para Flávio Dino, o candidato da coligação PC do B/PT, o Sistema Mirante deu uma guinada de 180 graus e, de repente, passou a cortejar o pedetista Tadeu Palácio.

7- O vaidoso prefeito de São Luís, aquiescente e solidário, teria sido facilmente convencido de que Lula estaria determinado a ver Flávio no segundo turno, mas sabia que para isso precisaria contar com o apoio de Tadeu Palácio. Não seria necessário que ele abandonasse por completo o seu candidato oficial. Bastaria que minimizasse o apoio, de maneira que Clodomir tivesse uma votação razoável, pois seria fundamental para garantir o segundo turno, desde que fosse ultrapassado por Flávio Dino.

8 – E foi exatamente o que aconteceu. Resultado do primeiro turno: Castelo na liderança absoluta, Flávio em segundo, Clodomir em terceiro, Kleber Verde em quarto, para citar apenas os mais votados, não obstante tenhamos o maior respeito pelos outros candidatos.

9 – Como se deu a arrumação dos apoios no segundo turno? O primeiro a declarar sua posição foi o atual prefeito Tadeu Palácio. De pronto subiu no palanque de Flávio Dino, feliz da vida, com sorrisos abertos de alegria, como se estivesse honrando um compromisso. Clodomir – que se sentiu mais uma vez politicamente traído – firmou apoio a Castelo, o que já havia sido feito por Kleber Verde.

10 – Enquanto isso, até então trabalhando nos bastidores, o clã Sarney escancarou. Passou a jogar todas as fichas no candidato da coligação PC do B/PT. Roseana, então, não desgrudou mais do telefone, pedindo insistentemente votos para Flávio Dino.

Flávio pode vir a firmar-se como uma nova liderança em São Luís. Contudo, nesse pleito, pelo que se depreende a partir do que informam todas as pesquisas, curva-se eleitoralmente talvez ante o peso das malas que carrega. Elas tiram mais do que agregam votos, como Tadeu Palácio e outros babuínos da sarneizada.

Confirmando-se as manifestações populares, o sentimento de profunda emoção externado nas ruas, praças e avenidas; na intimidade das casas de alvenaria, piso revestido e forro, ou de taipa, piso de chão batido e mal cobertas e, ainda, nas palafitas e outras moradias subumanas (graças a Deus, com os dias, enfim, contados), terá sido frustrada mais uma armação desprezível do senador Sarney e sua trupe. Eles reconhecem que a vitória de Castelo em São Luís e da imensa maioria dos prefeitos do interior, militantes ativos da Frente de Libertação do Maranhão, sacramenta o fim das suas pretensões eleitorais no Estado. Sepulta a mais duradoura e perversa oligarquia brasileira.

Na capital, lamentavelmente, o racha na frente libertária foi inevitável, provocando descontentamentos que ainda podem repercutir por muito tempo na aliança que derrotou a infernal dinastia Sarney. João Castelo, Flávio Dino e Clodomir Paz protagonizaram uma batalha que, mesmo sendo democrática, nem sempre foi leal.

Castelo, despontando como vencedor em todas as consultas de intenção de voto, desde o primeiro turno, foi o alvo central de perseguições as mais espúrias, nas formas de ações na Justiça (unanimemente derrotadas por improcedência plena); de panfletos apócrifos, do desmonte de sua vida empresarial etc. Entretanto, sobreviveu a tudo isso nos braços de um povo que, a despeito de viver os benefícios e virtudes de um Governo localizado na esquerda socialista, pela primeira vez na história maranhense, preferiu escolher a experiência, a ação, a competência e a inteligência administrativa como substituto de ideologias que mal compreende.

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